KWAYTIKÍNDO
(LÍNGUA PURI)
A língua Puri pertence ao tronco linguístico Macro-Jê, e sua família linguística é composta juntamente ao Koropó e Coroado; sendo este último, dialeto da própria língua Puri, por ter sido os Puris e Coroados um mesmo povo. Por esta razão, os trabalhos produzidos acerca dos Puris, sua cultura e processo histórico, comumente apresentam associada a etnia Coroado.
Após um longo processo de etnocídio perpetrado pelo Estado e demais expropriadores de Terras indígenas, a língua Puri teve seu uso interrompido no fim do século XIX e então resgatado pelos Puris no início do século XXI.
O primeiro contato retomado de Puris com sua língua ancestral na contemporaneidade, se deu na cidade mineira de Araponga, no cenário da Dança de caboclo, uma dança folclórica presente em vários Estados brasileiros e remonta às ações jesuíticas coloniais. Em Araponga, essa manifestação cultural foi ressignificada em sua relação com o povo originário Puri, assumindo conotações próprias. Nomeada pelos Puris da região como “Folguedo dos Arrepiados”, em menção ao apelido que os Puris historicamente receberam no local, representa a preparação de um guerreiro, expressando a caça, as lutas e a habilidade de fuga. Ginico Lopes foi quem encabeçou a organização da dança por décadas, até sua morte em 1990; seis anos depois, seu filho Jurandir assume o lugar que o pai deixara vago. A partir das canções que aprendera com o pai, Jurandir Puri passa a traduzir as canções em português para a língua Puri, utilizando os registros de oralidade Puri do século XIX somados à sobrevivência de palavra na oralidade local. Sua primeira tradução, o canto Ho! Puky, ah lekáh Txorê. Além dessa tradução, Jurandir musicou a letra de um canto Puri registrado no século XIX e o estendeu com 2 frases em Puri, o canto “Ho! Bugure”.
Em 2018 é composto o Txemím Puri , Grupo de Pesquisa e revitalização da Língua Puri, resgate e preservação da História e Cultura Puri, formado unicamente por Puris e idealizado pelo Historiador e Mestre em educação Tutushamum Puri a partir de pesquisas acerca da língua iniciadas por ele em 2010, tendo como resultado inicial neste mesmo período, o seu canto Petára, o primeiro canto contemporâneo originado na própria língua Puri. O Txemím Puri no desígnio de retomada da língua não apenas nos cantos mas de torná-la viva novamente na comunicação plena de Puris na atualidade, realizam então sobre os registros: o trabalho de análise fonética, revisão ortográfica, seleção de versão das palavras –com 2 ou mais entradas– coletadas da oralidade de nossos ancestrais, para o uso comum ao grupo, pois um uso diversificado por cada Puri inviabilizaria o entendimento e por conseguinte a uso da língua na comunicação; tradução dos registros até então acessados por Puris somente nas grafias dos coletores alemães e franceses –o que impossibilitava a compreensão da real sonoridade das palavras e, por consequência pronúncias equivocadas; sistematização da grafia em conformidade com escrita referente ao nosso tronco linguístico Macro-Jê e a identificação dos elementos estruturantes e regras próprias da língua para preenchimentos das lacunas dados os registros incompletos; etapas que configuravam uma antiga demanda à propiciar o pleno exercício de nossa oralidade no hoje.
No decorrer deste trabalho, foram encontrados casos de sobrevivências de palavras Puris reconhecidas e confirmadas por demais Puris das regiões em questão, ainda apresentando estrutura e sonoridade correspondente à oralidade de nossos ancestrais, não obstante a presença em dada medida, de modificação inerente à natureza dinâmica e viva da língua em todo grupo social; e outros casos que, após conferidos, identificou-se tratar de criações desvinculadas com a cultura e língua ancestral Puri, por aqueles que dentre os nossos, lidam de forma utilitarista e comercial com a ancestralidade, se aproveitando da vulnerabilidade da nossa situação linguística para tentar obter um reconhecimento individual indevido.
As sobrevivências de palavras Puris em coleta de oralidade, integram o vocabulário atualizado (parte 1 de 2) da língua Puri; o primeiro vocabulário da língua produzido unicamente por Puris, de forma inteiramente autônoma e interna na etnia, e o primeiro material de nossa língua após o trabalho de translação dos registros alemães e franceses para grafia correspondente ao nosso tronco linguístico e à sonoridade de nosso idioma.
PURI - PORTUGUÊS
A
adára (s.) – rosto* [figura humana]
ah (pron.) – eu
alkéh (s.) – poeira
ambô (s.) – árvore
ambô-maymân (s.) – madeira
ambô-nam (v.) – morrer
amborakawêna (s.) – círculos pequenos azuis pintados na maça do rosto
am’mí (s.) – osso
aná (s.) – preguiça
andl'amân (s.) – “diabo” [espírito ruim]
antáh (s.) – avô
antúh (s.) – roupa
añân (s.) – mãe
aprebanbâna (v.) – beijar
ará-ró (s.) – jararaca
aré (s.) – pai
arêna (adj.) – escuro
arepó (s.) – suar
arikê (s.) – carne
ariníng (s.) – seta
arípa (adv.) – longe
aripú (v.) – rir
aripú-agwerá (adj.) – contente
asotl'axíra (s.) – porco castrado
atára (s.) – arara
atipó-kankúm (pron. ind.) – quanto
atúpa (s.) – tanga das mulheres [tapa sexo]
axê (s.) – terra
axê-vejô (v.) – enterrar
B
bakô (s.) – cutia
bâna (s.) – beijo
banará (s.) – lontra
baóh (s.) – banana
ba-rití (s.) – macaco-da-noite
beorôna (adj.) – branco [referente à gente / cor de pele]; ráyon-beorôna: não-indígena branco
betá (s.) – rede
bét-amúm (s.) – sauá [macaco]
bihúh (s.) – mandioca
bihúh-prára (s.) – farinha de mandioca
bioké (s.) – laranja
bipína (s.) – orelha
boá (s.) – espingarda
boasé (s.) – palavra
bodakéh (s.) – capivara
boêma (s.) – mulher
bokanaxarâna (s.) – remo
bokuáh (v.) – subir*
bondé (s.) – mato
bopê (s.) – canoa
boyngâna (s.) – negro [referente à gente / cor de pele];; ráyon-boyngâna: não-indígena negro
brá (v.) – abrir
brink (s.) – pequeno
britú (adj.) – quente
butân (s.) – mel
butân-baké (s.) – abelha
D
diéh (pron.) – você
djaréh (s.) – bocaina
djére (adv.) – não
djop’léh (s.) – folha
djóta (s.) – vento
dokôra (s.) – deus [espírito criador]
dorá (v.) – marchar
dóra-koása (adj.) – baixo
du (v.) – queimar
duthâna (v.) – cair
E
ejê-moná (s.) – jovem
ekáh (s.) – palmito
entsomún (v.) – voar
erlú (s.) – tatu
ey (pron.) – meu
G
galíng (v.) – alcançar, atingir
gê (s.) – cabelo
glerê (v.) – cantar e dançar [contexto ritual - fogueira]
grití (adj.) – grávida
gwará (s.) – lagarto
gwára-bakéte (s.) – ninho
gwará-ra (s.) – jacaré
gwaratirukáh (s.) – meio-dia
gwaxantl'éh (v.) – pular
gwaxê (s.) – briga
H
heróyma (s.) – criança
horví (s.) – sal
hueráxka (s.) – nuvem
huhú (s.) – ouriço-cacheiro
hum'ran (s.) – ferro
I
imíh (s.) – corpo humano
ináh (s.) – tio
iñí (s.) – nariz
iñí-rêgna (s.) – venta (cada uma das duas aberturas do nariz)
J
jogót-amúm (s.) – jaguatirica
jombê (adv.) – há muito tempo
K
kahíra (s.) – umbigo
kahíra-ñúa (s.) – limão
kamaríng (v.) – atirar, lançar
kambôna (v.) – conversar
kanaremundê (s.) – música ritual
kandjúh (adj.) – amargo
kandl’ô (v.) – calar*
kandú (v.) – acender
kanjâna (s.) – cachaça
kapô (v.) – ferir
kapôna (s.) – rapadura
kapúna (s.) – tiro
karú (s.) – cavalo
karkún (adj.) – triste
katéra (s.) – perna
katipuêira (s.) – bebida fermentada de milho
kaví-lï (s.) – areia
kayoná* (adj.) – minguante [lua]
ké (s.) – ovo
kemún (v.) – andar
klen-gô (v.) – vir*
koêma (s.) – homem
kokoânda (s.) – queixo
kokóra (s.) – braço
komô (v.) – chamar
kopára (s.) – sapo intanha
koprân (v.) – caçar
koró-tê (adj.) – magro
korú-hêre (s.) – galinha
kosebundâna (v.) – dançar
koxá (v.) – gritar
kóxna (adj.) – colérico
koyá (v.) – falar
krim (s.) – sangue
krókon (adj.) – mau
kuá (s.) – pedra
kuá-rún (s.) – pedra grande
kuá-té (s.) – pedra pequena
kupân (s.) – tumbaca [pássaro]
kuríri (s.) – dois
kuríxa (s.) – flecha de farpa
kwandôm (v.) – adoecer
kwandôm-dó (s.) – dor
kxê (adv.) – dentro
L
lamân (s.) – alma
lekáh (v.) – morar
lintxí (v.) – cortar
lonkê (s.) – sapucaia
luárpa-dê (adj.) – profundo
M
maxê (v.) – comer
makapôn (v.) – amar
makím (conj.) – mas
makï (s.) – milho
makï-prára (s.) – farinha de milho
maprô (v.) – pedir
marú (s.) – gavião
matú (adj.) – bonito
maturí (s.) – joelho
matú-kon (adj.) – feio
mboré (s.) – jaó
mbôri (v.) – assar
mbra-tehí (s.) – cipó
mem'rína (s.) – arroz
métl'on (s.) – força
miretetêna (s.) – ouro
miretetêno (s.) – dinheiro
mirí (s.) – olho
miripapúh (s.) – cego
miripôn (s.) – noite
mirí-odá (s.) – sobrancelha
mirité (s.) – sagui
mití (adv.) – hoje
mligápe (s.) – guerra
ml'itôn (v.) – levantar
momáka (v.) – deitar
mom'rân (v.) – matar [com ferro]
montáy (s.) – bosque
mopô (v.) – matar [com pau]
morandé (s.) – faca [instrumento cortante]
morkéh (s.) – fruta
morô-kê (s.) – preá
mun (v.) – ir
mundsonkê (s.) – palmeira
N
nanrín (s.) – abacaxi
nat (conj.) – porquê
ndl'ôno (v.) – cantar
ndond (v.) – curar
ndran (v.) – apagar
nê (part.) – partícula negativa
ngwára (s.) – casa
ngwê (s.) – cabeça
ngwê-nâna (s.) – chapéu
Ñ
ñamakê (s.) – peixe
ñamân (s.) – água
ñamân-etê (s.) – névoa
ñamân-kátsega (s.) – cascata
ñamân-kohú (v.) – chover
ñamân-konkúza-bayúna (v.) – batizar
ñamân-lé (v.) – nadar
ñamân-merendóra (s.) – trovão
ñamân-préri (s.) – relâmpago
ñamân-rúri (s.) – córrego
ñamân-rorá (s.) – lagoa
ñamânta (s.) – leite
ñamânta-mbá* (v.) – mamar
ñamânta-orbá (v.) – amamentar
ñamantáran (s.) – raio
ñamantúza (s.) – rio
ñamaytú (adj.) – frio
ñatá (s.) – mama [seio]
ñawêra (s.) – entidade [guardião da mata]
ñimí (s.) – toucinho
O
oá (adv.) – sim
oerá (s.) – amanhã
okarôna (adj.) – branco [cor]
omí (s.) – um
omlé (s.) – ar
omrín (s.) – arco
oronmatê (s.) – menino [a]
orotó (s.) – paca
orú (adj.) – nova [lua]
orún (adj.) – grande
orutú (adj.) – valente
opé (s.) – amigo
opê (s.) – sol
opê-djotêna (s.) – aurora
P
paké (s.) – faixa de carregar criança
pára (s.) – mono-carvoeiro
paráda (s.) – café
patân (s.) – côco
patân-ambô (s.) – coqueiro
pé (s.) – pena, pelo, pele
pehuôna (adj.) – preto
pekaré (s.) – intestino
peklúru (adj.) – vermelho
penân (s.) – anta
peô (v.) – chorar
petára (s.) – lua
pikínda (v.) – contar [quantidade]
pitáh (s.) – jacutinga
pl'euák (adv.) – em pé
pô (s.) – bater
poéra (s.) – peito
poké (s.) – fumo
poké-té (v.) – espirrar
poké-xê (v.) – fumar
pon (s.) – pote, panela
pon-rêna (s.) – tronco
pré-djéka (s.) serra [cadeia de montanhas]
prepré (s.) – dedo
pretôn (s.) – calor
príka (s.) – três
príka (adv.) – muito [quantidade]
putúra (adj.) – amarelo
ponân (s.) – onça
pô-pâna (s.) – flor
popéh (s.) – casca
poré (s.) – testa
potéh (s.) – luz
potê (s.) – fogo
potê-dú (s.) – cinza
potê-kê (s.) – chama
potl'íka (s.) – ramo
priná-kê (s.) – brejaúba
priô-aná (s.) – azul
prurá (s.) – costela
puereân (s.) – flecha de pelota
pun (s.) – flecha
R
rasê (s.) – botocudo [indígena inimigo]*
rayôn (s.) – não-indígena
S
saná (s.) – caminho
satlân (s.) – jacu
sehêng (s.) _ pênis
simiâna (v.) – casar
simiál (adj.) – casado
simpreúda (s.) – borboleta
sôtan (s.) – queixada
sôtan-kon (s.) – caititu
sotanxíra (s.) – porco
suá (v.) – cozinhar
T
tabá (s.) – ombro
tahê (adj.) – velho
tangwá (s.) – macaco
tangwá-txi (s.) – [colar de] dente de macaco
tañê (adj.) – estrangeiro
tapíra (s.) – boi
tára (v.) – dormir
tárana (s.) – sono
taták (s.) – coração
tathéh (v.) – respirar
tê (v.) – parir
tembôno (s.) – fome
tembóra (s.) – cacau
téra (s.) – coxa
terlân* (s.) – jacuguaçu
teú (s.) – algodão
teú-ti (v.) – fiar
thína-ton (s.) – cobra-cega
thong (s.) – pescoço
ti (part.) – partícula interrogativa
tikím (s.) – barriga
timirí (adj.) – atado
titiñân (s.) – avó
tl'amátl'i (v.) – gostar
tléra (adv.) – muito [intensidade]
tokéh (s.) – nome de algumas espécies de macaco, como a guariba, o bugio e o barbado.
tóker-lan (v.) – tossir
tokóh (s.) – vagina
ton (v.) – arrancar
tongôna (adj.) – verde
topé (s.) – língua
to-urê (s.) – tornozelo
toxá (s.) – tarde
tsibúla (s.) – mutum
tsotá (adj.) – velha
tuá-tuná (s.) – colorir
tubâna (s.) – cana de açúcar
tumáh (s.) – corda
tuní (s.) – folha de palmeira
txa-ku (s.) – mutum-do-sudeste ou mutum-do-bico-vermelho
txa-mirí* (s.) – tamanduá-mirim
txi (s.) – dente
tximbá (v.) – beber
tximurúng (v.) – morder
txôre (s.) – boca
txôre-bakoyáh (v.) – contar [narrativa]
txôre-pê (s.) – lábio, beiço
txôre-pê-da (s.) – barba
txorí (s.) – floresta
txúri (s.) – estrela
U
urê (v.) – correr
utâng (s.) – ânus
urukú (s.) – tamanduá-bandeira
uruná (adj.) – cheia [lua]
uruná-ta (adj.) – gordo
utl'na (s.) – taquara
uxô (s.) – território
V
vemú (s.) – dia
vemudáh (s.) – madrugada
vexê (s.) – esquilo
X
xák-on (s.) – jacucaca
xalúh (s.) – sapo
xambé (s.) – filha/ filho [para indicar gênero acrescenta-se boêma (mulher)ou koêma (homem)]
xamúm (s.) – cobra
xamutân (s.) – quati
xandô (s.) – pombo
xapeprêra (s.) – pé
xapeprêra-kê (s.) – unha do pé
xaperré (s.) – mão
xaperré-kê (s.) – unha da mão
xaprúra (s.) – nhambú
xapúko (s.) – erva
xariwô (s.) – gambá
xiklóra (s.) – papagaio
xikopó (s.) – capoeira [ave]
xiarandó (s.) – tucano
ximân (s.) – estrada
ximbáki (s.) – testículo
xináli (s.) – morcego
xindé (s.) – cachorro
xindêda (s.) – beija-flor
xipampéh (s.) – capim
xipára (s.) – macuco
xipú (s.) – pássaro
xipupé (s.) – pena
xtengéli (v.) – odiar
xumbêna (s.) – feijão
xurumúm (s.) – batata
xu (v.) – feder
xutéh (adj.) – bom, bem
Y
yága (v.) – agarrar
yah (v.) – achar
yapân (s.) – tanga dos homens [tapa sexo]
yómli (s.) – veado
PORTUGUÊS - PURI
abacaxi (s.) – nanrín
abelha (s.) – butân-baké
abrir (v.) – brá
acender (v.) – kandú
achar (v.) – yah
adoecer (v.) – kwandôm
agarrar (v.) – yága
água (s.) – ñamân
alcançar (v.) – galíng
algodão (s.) – teú
alma (s.) – lamân
amamentar (v.) – ñatá-orbá
amanhã (s.) – oerá
amar (v.) – makapôn
amarelo (adj.) – putúra
amargo (adj.) – kandjúh
amigo (s.) – opé
andar (v.) – kemún
anta (s.) – penân
ânus (s.) – utâng
apagar (v.) – ndran
ar (s.) – omlé
arara (s.) – atára
arco (s.) – omrín
areia (s.) – kaví-lï
arrancar (v.) – ton
arroz (s.) – mem'rína
árvore (s.) – ambô
assar (v.) – mbôri
atado (adj.) – timirí
atingir (v.) – galíng
atirar (v.) – kamaríng
aurora (s.) – opê-djotêna
avô (s.) – antáh
avó (s.) – titiñân
azul (adj.) – priô-aná
B
baixo (adj.) – dóra-koása
banana (s.) – baóh
barba (s.) – txôre-pê-da
barbado [espécie de macaco] (s.) – tokéh
barriga (s.) – tikím
batata (s.) – xurumúm
bater (s.) – pô
batizar (v.) – ñamân-konkúza-bayúna
beber (v.) – tximbá
bebida fermentada de milho (s.) – katipuêira
beiço (s.) – txôre-pê
beija-flor (s.) – xindêda
beijar (v.) – aprebanbâna
beijo (s.) – bâna
boca (s.) – txôre
bocaina (s.) – djaréh
boi (s.) – tapíra
bom (adj.) – xutéh
bonito (adj.) – matú
borboleta (s.) – simpreúda
bosque (s.) – montáy
botocudo [indígena inimigo]* (s.) – rasê
braço (s.) – kokóra
branco [gente] (adj.) – beorôna; rayôn- beorôna: não-indígena branco
branco [cor] (adj.) – okarôna
brejaúba (s.) – priná-kê
briga (s.) – gwaxê
bugio (s.) [espécie de macaco] – tokéh
C
cabeça (s.) – ngwê
cabelo (s.) – gê
caçar (v.) – koprân
correr (v.) – urê
cacau (s.) – tembóra
cachaça (s.) – kanjâna
cachorro (s.) – xindé
café (s.) – paráda
cair (v.) – duthâna
caititu (s.) – sôtan-kon
calar* (v.) – kandl’ô
calor (s.) – pretôn
caminho (s.) – saná
cana de açúcar (s.) – tubâna
canoa (s.) – bopê
cantar (v.) – ndl'ôno
cantar e dançar [contexto ritual – fogueira] (v.) – glerê
capim (s.) – xipampéh
capivara (s.) – bodakéh
capoeira [ave] (s.) – xikopó
carne (s.) – arikê
casa (s.) – ngwára
casado (adj.) – simiál
casar (v.) – simiâna
casca (s.) – popéh
cascata (s.) – ñamân-kátsega
cavalo (s.) – karú
cego (s.) – miripapúh
céu (s.) – okôra
chama (s.) – potê-kê
chamar (v.) – komô
chapéu (s.) – ngwê-nâna
cheia [lua] (adj.) – uruná
chicote (s.) – tapíra-pé
chorar (v.) – peô
chover (v.) – ñamân-kohú
cinza (s.) – potê-du
cipó (s.) – mbra-tehí
círculos pequenos azuis pintados na maça do rosto (s.) – amborakawêna
cobra (s.) – xamúm
cobra-cega (s.) – thína-ton
côco (s.) – patân
colar de dente de macaco (s.) – tangwá-txi
colérico (adj.) – kóxna
colorir (s.) – tuá-tuná
comer (v.) – maxê
coqueiro (s.) – patân ambô
conseguir (v.) – galíng
contar [narrativa] (v.) – txôre-bakoyáh
contar [quantidade] (v.) – pikínda
contente (adj.) – aripú-agwerá
conversar (v.) – kambôna
coração (s.) – taták
corda (s.) – tumáh
corpo humano (s.) – imíh
córrego (s.) – ñamân-rúri
cortar (v.) – lintxí
costela (s.) – prurá
couro (s.) – pé
coxa (s.) – téra
cozinhar (v.) – suá
criança (s.) – heróyma
curar (v.) – ndond
cutia (s.) – bakô
D
dançar (v.) – kosebundâna
dançar e cantar com maracá (v.) – glerê
dedo (s.) – prepré
deitar (v.) – momáka
dente (s.) – txi
dentro (adv.) – kxê
deus [espírito criador] (s.) – dokôra
dia (s.) – vemú
diabo [espírito ruim] (s.) – andl'amân
dinheiro (s.) – miretetêno
dois (s.) – kuríri
dor (s.) – kwandôm-dó
dormir (v.) – tára
E
em pé (adv.) – pl'euák
enviar (v.) – kamaríng
enterrar (v.) – axê-vejô
erva (s.) – xapúko
escuro (adj.) – arêna
espingarda (s.) – boá
espírito (s.) – tuták
entidade [guardião da mata] (s.) – ñawêra
espirrar (v.) – poké-té
esquilo (s.) – vexê
estrada (s.) – ximân
estrangeiro (adj.) – tañê
estrela (s.) – txúri
eu (pron.) – ah
F
faca [objeto cortante] (s.) – morandé
faixa de carregar criança (s.) – paké
falar (v.) – koyá
farinha de mandioca (s.) – bihúh-prára
farinha de milho (s.) – makï-prára
feder (v.) – xu
feijão (s.) – xumbêna
feio (adj.) – matú-kon
ferir (v.) – kapô
ferro (s.) – hum'ran
fiar (v.) – teú-ti
filha/ filho (s.) – xambé [para indicar gênero acrescenta-se boêma (mulher)ou koêma (homem)]
flecha (s.) – pun
flecha de pelota (s.) – puereân
flecha de farpa (s.) – kuríxa
flor (s.) – pô-pâna
floresta (s.) – txorí
fogo (s.) – potê
folha (s.) – djop’léh
folha de palmeira (s.) – tuní
fome (s.) – tembôno
força (s.) – métl'on
frio (adj.) – ñamaytú
fruta (s.) – morkéh
fumar (v.) – poké-xê
fumo (s.) – poké
G
galinha (s.) – korú-hêre
gambá (s.) – xariwô
gavião (s.) – marú
gordo (adj.) – uruná-ta
gostar (v.) – tl'amátl'i
grande (adj.) – orún
grávida (adj.) – grití
gritar (v.) – koxá
guariba (s.) [espécie de macaco] – tokéh
guerra (s.) – mligápe
H
há muito tempo (adv.) – jombê
hoje (adv.) – mití
homem (s.) – koêma
I
intestino (s.) – pekaré
ir (v.) – mun
irmã[o] (s.) – satê
J
jacaré (s.) – gwará-ra
jacu (s.) – satlân
jacucaca (s.) – xák-on
jacuguaçu (s.) – terlân*
jacutinga (s.) – pitáh
jaguatirica (s.) – jogót-amúm
jaó (s.) – mboré
jararaca (s.) – ará-ró
joelho (s.) – maturí
jovem (s.) – ejê-moná
L
lagarto (s.) – gwará
lagoa (s.) – ñamân-rorá
laranja (s.) – bioké
leite (s.) – ñamânta
levantar (v.) – ml'itôn
limão (s.) – kahíra-ñúa
língua (s.) – topé
longe (adv.) – arípa
lontra (s.) – banará
lua (s.) – petára
luz (s.) – potéh
M
macaco (s.) – tangwá
macaco da noite (s.) – ba-rití
macuco (s.) – xipára
madeira (s.) – ambô-maymân
madrugada (s.) – vemudáh
mãe (s.) – añân
magro (adj.) – koró-tê
mama [seio] (s.) – ñatá
mamar (v.) – ñamânta-mbá*
mandioca (s.) – bihúh
mão (s.) – xaperré
marchar (v.) – dorá
mas (conj.) – makím
matar [com ferro] (v.) – mom'ran
matar [com o pau] (v.) – mopô
mato (s.) – bondé
mau (adj.) – krókon
meio-dia (s.) – gwaratirukáh
mel (s.) – butân
menino [a] (s.) – oronmatê
meu (pron.) – ey
milho (s.) – makï
minguante [lua] (adj.) – kayoná*
mono-carvoeiro (s.) – pára
montanha (s.) – pré-djóta
morar (v.) – lekáh
morcego (s.) – xináli
morder (v.) – tximurúng
morrer (v.) – ambô-nam
morte (s.) – nédlan
muito [intensidade] (adv.) – tléra
muito [quantidade] (adv.) – príka
mulher (s.) – boêma
música ritual (s.) – kanaremundê
mutum (s.) – tsibúla
mutum-do-sudeste ou mutum-do-bico-vermelho (s.) – txa-ku
N
nadar (v.) – ñamân-lé
não (adv.) – djére
não-indígena (s.) – rayôn
nariz (s.) – iñí
negro (s.)[gente] – boyngâna; rayôn-boyngâna: não-indígena negro
névoa (s.) – ñamân-etê
nhambú (s.) – xaprúra
ninho (s.) – gwára-bakéte
noite (s.) – miripôn
nova [lua] (adj.) – orú
nuvem (s.) – hueráxka
O
odiar (v.) – xtengéli
olho (s.) – mirí
ombro (s.) – tabá
onça (s.) – ponân
orelha (s.) – bipína
osso (s.) – am’mí
ouriço-cacheiro (s.) – huhú
ouro (s.) – miretetêna
ovo (s.) – ké
P
paca (s.) – orotó
pai (s.) – aré
palavra (s.) – boasé
palmeira (s.) – mundsonkê
palmito (s.) – ekáh
papagaio (s.) – xiklóra
parir (v.) – tê
partícula interrogativa (part.) – ti
partícula negativa (part.) – nê
pássaro (s.) – xipú
pé (s.) – xapeprêra
pedir (v.) – maprô
pedra (s.) – kuá
pedra grande (s.) – kuá-rún
pedra pequena (s.) – kuá-té
peito (s.) – poéra
peixe (s.) – ñamakê
pena (s.) – xipupé
pena, pelo, pele (s.) – pé
pênis (s.) – sehêng
pequeno (s.) – brink
perna (s.) – katéra
pescoço (s.) – thong
poeira (s.) – alkéh
pombo (s.) – xandô
porco (s.) – sotanxíra
porco castrado (s.) – asotl'axíra
pôr do sol (s.) – xambôna
porquê (conj.) – nat
pote, panela (s.) – pon
preá (s.) – morô-kê
preguiça (s.) – aná
preto (adj.) – pehuôna
profundo (adj.) – luárpa-dê
pular (v.) – gwaxantl'éh
Q
quanto (pron. ind.) – atipó-kankúm
quati (s.) – xamutân
queimar (v.) – du
queixada (s.) – sôtan
queixo (s.) – kokoânda
quente (adj.) – britú
R
raio (s.) – ñamantáran
ramo (s.) – potl'íka
rapadura (s.) – kapôna
rede (s.) – betá
relâmpago (s.) – ñamân-préri
remo (s.) – bokanaxarâna
respirar (v.) – tathéh
rio (s.) – ñamantúza
rir (v.) – aripú
rosto* [figura humana] (s.) – adára
roupa (s.) – antúh
S
sagüi (s.) – mirité
sal (s.) – horví
sangue (s.) – krim
sapo (s.) – xalúh
sapo intanha (s.) – kopára
sapucaia (s.) – lonkê
sauá [macaco] (s.) – bét-amúm
serra [cadeia de montanhas] (s.) – pré-djéka
seta (s.) – ariníng
sim (adv.) – oá
sobrancelha (s.) – mirí-odá
sol (s.) – opê
soltar (s.) – poná
sono (s.) – tárana
suar (s.) _ arepó
subir (v.)* – bokuáh
T
tamanduá-bandeira (s.) – urukú
tamanduá-mirim (s.) – txa-mirí*
tanga dos homens [tapa sexo] (s.) – yapân
tanga das mulheres [tapa sexo] (s.) – atúpa
taquara (s.) – utl'na
tarde (s.) – toxá
tatu (s.) – erlú
terra (s.) – axê
território (s.) – uxô
testa (s.) – poré
testículo (s.) – ximbáki
tio (s.) – ináh
tiro (s.) – kapúna
tornozelo (s.) – to-urê
tossir (v.) – tóker-lan
toucinho (s.) – ñimí
três (s.) – príka
triste (adj.) – karkún
tronco (s.) – pon-rêna
trovão (s.) – ñamân-merendóra
tucano (s.) – xiarandó
tumbaca [pássaro] (s.) – kupân
U
um (s.) – omí
umbigo (s.) – kahíra
unha da mão (s.) – xaperré-kê
unha do pé (s.) – xapeprêra-kê
V
vagina (s.) – tokóh
valente (s.) – orutú
veado (s.) – yómli
velha (adj.) – tsotá
velho (adj.) – tahê
vir* (v.) – klen-gô
venta (cada uma das duas aberturas do nariz) (s.) – iñí-rêgna
vento (s.) – djóta
verde (adj.) – tongôna
vermelho (adj.) – peklúru
voar (v.) – entsomún
você (pron.) – diéh
*Revisões ortográficas e de tradução:
REGISTRO | REVISÃO | ANÁLISE | |
tradução | adára (figura humana) | adára (rosto) | O único registro que consta também para rosto, aparece mais vezes confirmado como testa, sendo esse o uso adotado. Para designar rosto, esse registro de figura humana atende o sentido e não destoa do significado original. |
tradução | Bokuáh (trepar – em árvore) | Bokuáh (subir) | O registro Bokuáh não possui a palavra árvore junto à ele. Indicando que a palavra se referia à ação envolvida. |
ortografia | nhamantá-hm'bá (mamar) | ñamânta-mbá (mamar) | A primeira palavra da composição foi registrada pelo mesmo coletor com H final, o que indica que esse H não pertence À 2ª palavra. O H final indica tonicidade ou som aspirado. Nesse caso, a acentuação seguiu a forma encontrada nos demais registros de ñamân. |
tradução | klen-gô (venha cá) | klen-gô (vir) | Como não se conjuga verbo no kwaytikindo, ele tem a mesma forma, independentemente de tempo verbal ou pessoa |
tradução | Rasê (botocudo) | Rasê (indígena inimigo) | O botocudo era um povo tradicionalmente rival do Puri. O chamado Botocudo é o povo Krenak. Botocudo era a forma como eram chamados pelos Puris. |
ortografia | t’erlân (jacuguaçu) | terlân (jacuguaçu) | Coletada por francês, em cuja língua o apóstrofo não diferencia som (ex: d’accord, l’amour, etc.) |
ortografia | t’chà-miri (tamanduá-mirim) | txa-mirí (tamanduá-mirim) | Coletada por francês, em cuja língua o apóstrofo não diferencia som (ex: d’accord, l’amour, etc.) |
tradução | kandl’ô (cala a boca) | kandl’ô (calar) | Como não se conjuga verbo no kwaytikindo, ele tem a mesma forma, independentemente de tempo verbal ou pessoa |
**A palavra registrada (coletor francês) como tinicà là oaï (raso,curto) ainda não foi incluída no vocabulário por estar pendente quanto a análise fonética. No aguardo de repasse do consultor Francês.
[1] Etapa 2 de 2: Čestimír Loukotka – Estudo Línguístico
[2] Disponível em http://kuaytikindo.blogspot.com/2018/
[3] Grupo de Pesquisa, resgate, revitalização e preservação da História, língua e cultura Puri. Disponível em: Kuaytikindo.blogspot.com/2018/05/txemim-puri.html?m=1
- LÍNGUA PURI
- POVO PURI
- CULTURA PURI
- ÍNDIOS PURI
- ETNIA PURI
[1] SENA, N. Toponymia Geographica de origem brasílico-indígena em Minas Gerais. Revista do Archivo Público Mineiro. Anno XX, 1924. Belo Horizonte:Imprensa Official de Minas, 1926. FREIRE, José Ribamar Bessa e MALHEIROS, Márcia Fernanda. Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ. 1997.
[2] SILVA NETO, Ambrósio Pereira da. Revisão da classificação da família linguística Puri. Dissertação de mestrado. UNB, Brasília, 2007; LOUKOTKA, Cestmir. La família linguística coroado. In: Journal de la societé des américanistes. Tome 29, nº1, 1937.
[4] Etapa 2 de 2: Čestimír Loukotka – Estudo Línguístico